são longas as noites


 nos pulsos do coração  ficam os desejos

da infância  intocada   sob o céu o caminho

o pacto se reata a promessa ressurge e ainda

o desânimo  ainda o medo um estranho  baloiço


são longas as noites  ofegante o acordar  de cada

vez  a porta que empurra  è mais pesada


sò muros e persianas passos apresados 

vozes  um tombo o elevador  uma

toca o quarto onde espera o sol

para saudar primeiro ?


è uma  toca  o quarto não tem  ruas

è um mundo no roupeiro um espelho

onde a espera muda entristecida


uma velha um sangue de impaciência

cansa - o empurro - o


são de chumbo os pès as costas leves

leva uma rocha fora desse recinto

uma multidão a caminho rumo

ao outro dia


observa - se  muda - se perde - se

o semáforo vermelho  cede  ao verde

e ao laranja na prateleira de mármore

um perfil de mulher o cabelo cortado

pouco acima das orelhas a camisa

aos quadrados olha  a porta  entreaberta

a pequena orquestra de cùpidos  afina

a canção melódica  muda a ronda dos segundos

no relógio amarelo avança tremulando o tempo

è um flexor cego de números e estações  

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